Qual é o real propósito desse Projeto?
“Muitos podem estar pensando que o propósito desse projeto é a inclusão das pessoas com deficiência no esporte.
Mas, não...O verdadeiro propósito do Pernas Caipiras é a construção de uma PONTE de relacionamento inclusivo entre as pessoas com e sem deficiência.
Ouso parafrasear Carl Jung... quando ele afirma que a união entre pessoas se assemelha a uma reação química onde o encontro entre os diferentes, gera uma transformação em ambos.
Portanto, meus amigos, o Pernas Caipiras não somente levará às pessoas com deficiência a incrível experiência de cruzar uma linha de chegada, mas sim despertará em todos os envolvidos a consciência e o respeito à diversidade, será possível verificar a transformação profunda que essa experiência trará a TODOS OS ENVOLVIDOS.
A princípio, esse novo e diferente relacionamento pode gerar um certo desconforto e insegurança aos que ainda não estão familiarizados com essa convivência e isso é natural, a aprendizagem ocorre nas diferenças, e é isso que todos os participantes deste projeto vivenciarão, a aprendizagem, o respeito e a empatia.
A convivência com a ‘deficiência’ expõe quão frágil é a nossa condição humana e evidencia que a qualquer momento, qualquer um de nós pode passar a compor o ‘outro grupo’, o das pessoas com deficiência.” E isso é óbvio por inúmeros fatores, ao quais todos nós estamos sujeitos (ao darmos à luz a um filho com deficiência, ao sofremos um acidente, ou pelo próprio envelhecimento).
“Tememos não só o ‘desconhecido’, mas, também, porque sabemos que seremos discriminados. E sabemos isso porque, mesmo sem maldade, somos discriminadores. Nossa educação, infelizmente, ainda é pautada na ‘normalidade’... na normatização. Infelizmente, não fomos educados à valorizar a individualidade e a potencialidade do outro dentro de suas limitações.”
Mas acreditem! É possível mudar!
Basta olhar para traz e vermos o quanto já caminhamos.
Muitos podem pensar, mas o que eu posso fazer? Como posso promover inclusão?
Ao ouvirmos sobre inclusão, rapidamente pensamos em acessibilidade. E acessibilidade sempre nos remete às adaptações arquitetônicas (rampas de acesso, elevadores etc), ou em ferramentas de acesso (como os triciclos), ou ainda em ferramentas para a comunicação, quando, por exemplo, usamos Libras, (a língua brasileira de sinais) ou a escrita em braile.
Mas fato é que, a barreira mais importante a ser quebrada, de fato, está prontamente ao alcance todos, que é a mudança de atitude.
Para mudarmos a nossa atitude é mais do que simplesmente integrar é preciso incluir. É preciso colocarmo-nos no lugar do outro e procurarmos enxergar o mundo e suas barreiras pelos olhos do outro, como se fossemos nós mesmos.
É olhar para cada situação e pensar: E se fosse comigo?
É preciso nos colocarmos nessa relação, não acima do outro, mas ombro a ombro, de mãos dadas.
A inclusão não é um problema do outro. É uma questão NOSSA! É uma questão de equidade social.
Com base nesses apontamentos anteriores, realizamos semanalmente lives e podcasts para discutirmos assuntos ligados a: inclusão, capacitismo, diversidade, acessibilidade e potencialidades das pessoas com deficiência, abrimos espaços nesses encontros para as pessoas que vivenciam a deficiência relatarem suas experiências, nos ensinando que, não é uma dificuldade física, sensorial, intelectual ou condutas típicas que as impedirão de serem o que são. Nesses momentos buscamos informar a todos as pessoas sobre o que é a inclusão, e o que podemos fazer para contribuir para esse processo.
Que essa semente plantada, traga belos frutos e que nós, enquanto pessoas dispostas e engajadas nesse projeto, possamos ajudar à toda a sociedade a ser um povo que sai da posição de delegar e cobrar para se tornar um povo que aponta menos os dedos e estende mais as mãos.
E não por piedade, mas por empatia e por um respeito profundo a dignidade humana.
Que o Pernas Caipiras possa servir de exemplo para outros projetos futuros em todos os seguimentos da sociedade, para que não necessitemos mais construir pontes porque estaremos todos unidos em uma COMUNIDADE de mãos dadas.”
Michelly C. Silveira Basso
Voluntária do Projeto Pernas Caipiras.
SOBRE A DEFICIÊNCIA E A TERMINOLOGIA CORRETA:
O termo correto definido pela Convenção das Nações Unidas (ONU) sobre as Pessoas com deficiência é PCD (Pessoa com Deficiência).
O termo esclarece que há algum tipo de deficiência, sem que isso inferiorize ninguém.
A forma correta de se referir a pessoa com deficiência afasta o preconceito e ajuda a remover barreiras de comunicação.
Deficiência não é um “PROBLEMA”... Todos nós temos PROBLEMAS.
Deficiência não é uma “DOENÇA”... Porque não espera-se a CURA. Espera-se a ACEITAÇÃO dessa “diferença”.
A expressão “ESPECIAIS” remente a ideia de que devem ser tratadas de forma diferente porque não possuem a mesma capacidade. Mas na verdade, ter deficiência não significa não ter capacidade.
Usar o termo adequado faz com a pessoa com deficiência a que se refere não se sinta inferiorizada ou discriminada e evita algum constrangimento.
E o que é de fato a DEFICIÊNCIA?
Segundo o Estatuto da pessoa com deficiência (2015) “Art. 2º Considera-se deficiência toda restrição física, intelectual ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária e/ou atividades remuneradas, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social, dificultando sua inclusão social, enquadrada em uma das seguintes categorias: física, auditiva, intelectual, visual, surdocegueira, autismo, condutas típicas e deficiências múltiplas.
No Brasil, existe a Lei da Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que determina entre outras coisas, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que garante direitos à estas pessoas em atividades básicas da vida.
As pessoas com deficiências não precisam sentir-se deficiente, pois podem se sentir bem com as suas particularidades, ter um jeito peculiar de fazer as coisas, sem precisar cair em julgamentos e comparações com os padrões impostos. Todos temos nossas capacidades, dificuldades e potencialidades, nos diferenciamos por isso, então devemos RESPEITAR todas as pessoas na forma como são, pois é na diversidade que vivemos ao lado das pessoas, sem diferenciar ou classificar como diferentes ou iguais.